Em 2020 celebra-se o 25º aniversário da elevação de Sintra a Património da Humanidade, na categoria de Paisagem Cultural, inscrita em 1995.

No âmbito desta comemoração, os nossos vereadores apresentaram na última reunião de câmara um conjunto de contributos, tendo como pressuposto que as realizações propostas para a agenda comemorativa espelhem os valores elencados e façam tributo à nossa identidade.

Conheça aqui a nossa proposta.

RECOMENDAÇÃO Nº 1-JPS/2020

  • Considerando que a comemoração em 2020 do 25º aniversário sobre a classificação de Sintra como Património Mundial, na categoria de Paisagem Cultural, constitui um claro motivo de satisfação, mas obriga, em nome da responsabilidade que esse “estatuto de excecionalidade” acarreta, que tal efeméride não se reduza ao simples festejo da data, como aliás o expressa também o Programa das Comemorações, para o qual nos comprometemos nesta mesma sede a dar o nosso contributo;
  • Considerando que tal prerrogativa convida, isso sim, ao envolvimento da comunidade residente e daquela que nos visita e ao comprometimento de saber desenvolver estratégias que preservem aquilo que mais contribuiu para o reconhecimento duma individualidade paisagística e patrimonial riquíssima e única: o espírito do lugar;
  • Considerando que a preservação é a palavra de ordem para não beliscar esse legado, que só o vivendo se pode perpetuar e que só a apropriação do reconhecimento do seu valor permite que seja defendido como coisa que importa a todos e a cada um;
  • Considerando que independentemente da geografia da sua residência, é fundamental que os sintrenses percecionem que a Serra e a sua envolvente são como um tesouro, com joias patrimoniais e materiais que a todos devem orgulhar;
  • Considerando que sendo Sintra por tantos falada e por tantos retratada e pintada, qual musa inspiradora e de cujo valor foram dando testemunho, morar aqui tem de ser também honrar o que ela guarda e saber capitalizá-lo, com sentido de responsabilidade, mas de pertença, de respeito, mas de abertura, de desenvolvimento, mas de equilíbrio;
  • Considerando, pois, pela sua importância e pelo alcance imenso que lhe é reconhecido que importará que a Educação Patrimonial ganhe um especial destaque, com a força que encerra a expressão “Se a tua alma é inculta, os teus olhos e ouvidos são más testemunhas” (M.C.Roldão), a dar boa nota da direção a seguir;
  • Considerando que alimentamos a convicção de que a relação de afeto da comunidade pelo património, ao desencadear a aproximação da população à memória e aos bens culturais, é como o cimento agregador na construção dum forte de defesa e de segurança face a investidas comprometedoras daquilo que é fundamental salvaguardar;
  • Considerando, finalmente, que é para nós fundamental, que as crianças e jovens aprendam a reconhecer a imprescindibilidade de preservar e conservar o património e também crucial que intuam que deve ser vivido, pois só assim será melhor defendido, que caberá também à escola, enquanto poderoso agente de socialização, tal responsabilidade, como caberá à autarquia a sensibilização para ser privilegiada a abordagem da educação patrimonial numa perspetiva transversal e valorizada uma aprendizagem regionalista;

Temos o prazer de apresentar alguns contributos, tendo como pressuposto que as realizações propostas para a agenda comemorativa, espelhem os valores elencados e façam tributo à nossa identidade cultural, naquilo que explica a aposta em:

  • Exposições sobre o Vestir Saloio, mas desta vez reivindicando a valorização dos grupos folclóricos enquanto repositórios e difusores de cultura, puxando pela sua vertente pedagógica e tornando-as também aulas de história, com a oportunidade de serem assumidos como recurso educativo pelas escolas do concelho ou potenciando uma das suas matérias-primas – a chita – para exploração criativa por alunos de design e moda;
  • Exposições de pintura sobre os ex-libris patrimoniais de Sintra, patenteando o seu elevadíssimo poder inspirador, mas também presumindo uma ação ao vivo na Volta do Duche e tendo-a por miradouro natural;
  • Divulgação de referências a Sintra na literatura portuguesa e estrangeira, num roteiro inspirador e inspirado, presumindo a idealização de estrutura/suporte (eventualmente tendo por mote um livro), para acolher cada uma delas e construindo um percurso expositivo em local potenciador do seu usufruto;
  • Exposição comemorativa do 100º aniversário sobre a morte de António Carvalho Monteiro, a quem justamente se deve um dos expoentes do património edificado, a Quinta da Regaleira, mas desta feita prestando tributo a uma área a que este filantropo se dedicou e que é, porventura, menos conhecida e divulgada: o estudo dos insetos, com contributos científicos muito valorados e com a uma coleção hoje conservada em grandes museus;
  • Edição de obras dirigidas ao público infantil, tendo os museus e palácios por palco, na linha de iniciativa editorial assumida há alguns anos e que se traduziu na publicação de contos infantis sobre os Museus de Sintra – “Museus para contar e encantar” – e propondo-se a justificada reedição e alargamento aos novos Museus que por cá moram;
  • Edição de livro com uma seleção feita a partir das muitas centenas de poemas sobre Sintra, podendo aquela ver-se assegurada por nomes destacados na área das letras;
  • Concertos pela futura Orquestra Municipal de Sintra_D. Fernando II, ou por distintas formações orquestrais, que potenciem no seu reportório obras musicais inspiradas em Sintra, conforme se viu justamente proposto pelo Sintra Estúdio de Ópera, com atributos ao nível da produção que acrescentariam interesse à sua audição e que seriam os pontos-altos da programação concertística destas comemorações;
  • Intercâmbio com outros sítios classificados, numa perspetiva de promoção e exportação daquilo que nos identifica e faz diferentes, naquilo que permitiria também a divulgação das produções dos nossos agentes locais de cultura, e simultaneamente o acolhimento enriquecedor de manifestações culturais oriundas desses outros destinos;
  • Fórum de reflexão sobre os desafios do Turismo num futuro que é já amanhã.

Em face duma natural vocação de Sintra para o turismo e atenta a tendência que se anuncia de reforço em matéria de visitação dos monumentos cuja beleza e concentração conferem ao destino Sintra uma aura de singularidade, as questões ligadas à sustentabilidade e aos efeitos dessa sobrecarga de visitantes a deverem ser avaliadas e desenhadas estratégias que salvaguardem o património, exigindo a definição de um quadro temporal para calendarizar essas monitorizações tão importantes como necessárias.

Em anexo um dossier em que se detalha cada uma destas propostas e que faz parte integrante desta Recomendação.

Palácio Valenças, aos 21 de janeiro de 2020

Os Vereadores da Coligação “Juntos Pelos Sintrenses”

Paula Simões, Andreia Bernardo, Carlos Parreiras, Nuno Lopes