Agora, é a minha vez.

Talvez a afirmação anterior possa induzir em erro quem a lê, mas já lá vou.

Peço-vos que percam um pouco do vosso tempo para vos falar das eleições autárquicas deste ano.

Como tudo tem uma história, tenho de vos dar conta que sou autarca no concelho de Sintra desde 1993. Muitos saberão que comecei pela Junta de Freguesia de Agualva Cacém e, em 1997, fui eleito para aquela Assembleia de Freguesia. De 2001 a 2013, exerci funções na Câmara Municipal de Sintra como Vice-presidente. Sempre fui eleito em listas do PSD e, em 2013, se o Partido tivesse querido, assim teria novamente acontecido. Sou social-democrata muito para lá daquilo que o PSD representa em cada um dos momentos da sua história e dos seus líderes.

A candidatura independente de 2013 e os resultados que alcancei, que alcançámos, para ser rigoroso, veio demonstrar como fez sentido ter liderado aquela extraordinária aventura que por 1% ficou aquém da vitória. Em 2017, voltei a protagonizar a candidatura à Câmara no âmbito da Coligação de partidos “Juntos pelos Sintrenses”, como independente: 29,01% (38385 votos), 4 vereadores e duas juntas de freguesia. Num contexto de desgaste do PSD, a par da recandidatura do Presidente de Câmara, alcançámos um bom resultado. Nunca o PSD, ou em Coligação, sempre que perdeu as eleições, teve resultado próximo deste e, nas Legislativas de 2019, ficou abaixo do resultado autárquico.

Feita a história, vamos às eleições deste ano. Nunca escondi a naturalidade de ser candidato em 2021 apoiado pelo PSD, apesar do custo pessoal que tal acarreta e da avaliação que faço da conjuntura municipal. Ao longo destes 28 anos de exercício autárquico, dos quais apenas 12 foram remunerados, dediquei-me sempre às comunidades sintrenses. Sou genuinamente um autarca e, por isso, nunca quis exercer outras funções públicas.

A atual liderança do PSD, que apoiei em diferentes circunstâncias, optou por outra solução. Da minha parte, fico agora como espectador atento, indisponível para participar nas listas do Partido Social Democrata, mesmo na liderança da lista à Assembleia Municipal.
Também não fomentarei nenhuma lista independente (as alterações à Lei concretizadas pelo PS/PSD são a tentativa, conseguida, de impedir candidaturas de grupos de cidadãos, salvo honrosas exceções), nem participarei em listas de outros partidos, não permitindo ser o bode expiatório para aqueles que tiveram a responsabilidade de escolher.
Não me levarão a mal que fique na expectativa de ver o que acontecerá na noite eleitoral, no país e em Sintra, e que consequências cada um dos diferentes atores retirará dos resultados.

Quero agora aproveitar para concretizar projetos que foram ficando na gaveta e para ter tempo para os que me são mais próximos, mas não deixarei de estar atento à vida do concelho e intervir nos diferentes momentos que considere importantes.

Tenho uma ligação forte aos sintrenses e às suas instituições, conheço bem a terra que me acolheu e que procurei com dignidade sempre servir. Não o fiz sozinho, fui acompanhado por muitos e a todos, independentemente do rumo da vida, estou-lhes grato. Muito.

Ao Dr. Rui Rio deixo um conselho. Também na política não basta apregoar seriedade nas opções, acima de tudo é necessário praticá-la. E ele sabe, a par da Coordenadora Autárquica Nacional, que há uma parte do processo que ficou por cumprir!

Sim, agora é a minha vez.
Marco Almeida