É curioso constatar a quase unanimidade à volta da prestação de Marcelo Rebelo de Sousa na campanha eleitoral e posteriormente nas iniciativas que levou a efeito até à posse, culminando com a prestação no acto solene e nas diversas iniciativas que organizou.
Temos um Presidente diferente! Informal no comportamento, próximo dos cidadãos e sólido nas convicções políticas, como se confirmou no notável discurso da posse, na linha da excelente intervenção de vitória que produziu na noite do apuramento dos resultados eleitorais.
Temos um Presidente que conheço bem nas suas convicções políticas desde que em 1974 esteve ao lado dos fundadores do então PPD, altura em que se situou claramente - e se manteve coerentemente até hoje - numa opção social-democrata, humanista e personalista.
Foi Deputado constituinte e professor de Direito Constitucional, pelo que, embora tenha jurado defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição, considera que tudo na vida é susceptível de aperfeiçoamento. A seu tempo...
Sublinhou que o rigor das contas públicas e o respeito dos compromissos internacionais têm de conciliar-se com as obrigações do Estado perante os mais desprotegidos.
E tocou em todas as teclas que são merecedoras da nossa melhor atenção e do cuidado de quem nos Governa.
Nomeadamente, referiu com toda a oportunidade o papel determinante e insubstituível do poder local democrático.
Ele sabe e defende que a estabilidade, não sendo um fim em si mesmo, é essencial para um desenvolvimento económico que permita o combate ao desemprego e a progressiva melhoria da qualidade e do nível de vida dos portugueses.
Mas, essencialmente, Marcelo soube exaltar as virtudes e capacidades do Povo Português, convocando a auto-estima de todos nós, bem necessária nos tempos de crise que atravessámos e que deixaram sequelas persistentes e que será muito difícil ultrapassar.
Não ignoramos que o mais difícil pode perspectivar-se no futuro próximo com as exigências da execução orçamental e a eventual necessidade de adopção de medidas adicionais que invertam ou, pelo menos, arrefeçam as expectativas da recuperação do rendimento das famílias, situação que poderá colocar problemas na frágil coesão da maioria que apoia o Governo.
E será então que o Presidente da República será testado na capacidade de intervenção no sentido de procurar e obter os consensos que permitam assegurar a estabilidade governativa.
Conhecendo as capacidades e a inteligência de Marcelo Rebelo de Sousa, acredito que será bem sucedido se os interlocutores souberem deixar de lado certos interesses partidários e tabus ideológicos. A bem de Portugal e dos portugueses.
António d’Orey Capucho