Quando uma proposta de requalificação atenta contra o espírito do lugar

- A propósito do projecto da autarquia para o Largo da Feira de S. Pedro -

O projeto da Câmara Municipal de Sintra para a requalificação da Praça D. Fernando II, vulgarmente conhecida por Largo da Feira de São Pedro, merece um forte repúdio da parte do Movimento Independente Autárquico “Sintrenses com Marco Almeida”, pelas seguintes razões:

  1. A intenção de intervir naquele espaço essencialmente para favorecer a criação de lugares de estacionamento, é o reconhecimento do fracasso das políticas municipais para a zona histórica de Sintra, nomeadamente no que diz respeito à mobilidade.
  2. Prometida em campanha eleitoral, e reafirmada pelo actual Presidente de Câmara, a construção de parques periféricos à Vila de Sintra, a verdade é que nem um destes equipamentos foi concretizado. Pretende agora a Câmara, à custa da destruição do espírito do lugar e do património do Largo de São Pedro, resolver em 6 meses com uma solução inaceitável aquilo que não foi capaz de concretizar em 3 anos.
  3. A proposta municipal de criação de 102 lugares de estacionamento no Largo de S. Pedro contraria a vivência de décadas daquele lugar. Palco de tradições e de convivências que fazem parte da Sintra histórica, ainda hoje ali podemos encontrar viva essa função que esteve na génese do desenho e da construção daquele lugar. O que o Presidente de Câmara pretende agora representa uma profunda alteração da função da Praça: substituir o cunho da convivialidade primordial, que sempre caracterizou o lugar, pela ideia obtusa do primado do estacionamento, certamente pago.
  4. Valorizando a posição da União de Freguesias de Sintra e da Associação Canaferrim quanto à necessidade de um amplo debate público do projeto, a verdade é que a Câmara tem fugido a esse desafio e sob o tema tem mantido um silêncio ensurdecedor que em muito revela a postura a que nos habituou do “quero, posso e mando” da actual gestão municipal.
  5. Consideramos, por fim, lamentável que, apesar do projeto de intervenção ser datado de Abril, o mesmo tenha sido dado a conhecer apenas à Junta da União de Freguesias de Sintra e no mês de Julho, aproveitando talvez o período de férias para discretamente fazer passar uma proposta que em nada valoriza o local e a identidade de Sintra.

Aguardamos pela decisão final do Presidente de Câmara, acreditando que a forte contestação cívica e associativa em curso corrija uma opção errada. E acreditamos que tal acontecerá pois, tal como no passado recente, a Câmara Municipal de Sintra só decide bem quando pressionada a fazê-lo pelos sintrenses e pelas associações representativas da sociedade civil do nosso Concelho.

 

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