Acreditamos que o aumento brutal do número de casos e a situação preocupante em algumas freguesias se devem à incapacidade do Presidente de Câmara em perceber a tempo a dimensão da pandemia. Faltou capacidade de perceção e de ação, difícil de entender quando a Câmara tem mais de 170 milhões de euros nas contas bancárias!
Se a Câmara conseguiu avançar com medidas de apoio às famílias e às empresas, embora de curta duração, o mesmo não aconteceu com medidas de contenção que pudesse travar a redução da expansão da pandemia.
Desde o início deste mês de junho, o concelho de Sintra mais que duplicou o número de infetados com COVID-19, passando dos 1173 casos registados no dia 1 de junho aos 2370 registados a 24 de junho, mais do dobro (102,5%).
Para além de ter duplicado o número de infetados, Sintra é também de entre os concelhos mais populosos aquele que registou o maior aumento percentual – 102% e absoluto, com mais 1197 casos registados – nenhum concelho teve tantos casos neste mês de junho.
INCIDÊNCIA DA COVID-19 NOS 20 CONCELHOS COM MAIS HABITANTES
Concelho | Casos a 1 de junho | Casos a 24 de junho | Aumento de nº de casos de 1 a 24 de junho | Variação % |
---|---|---|---|---|
Sintra | 1173 | 2370 | 1197 | 102,5% |
Odivelas | 565 | 1017 | 452 | 80,00% |
Amadora | 861 | 1511 | 650 | 75,49% |
V.F. Xira | 413 | 700 | 287 | 69,49% |
Loures | 1066 | 1707 | 641 | 60,13% |
Oeiras | 443 | 676 | 233 | 52,60% |
Cascais | 575 | 829 | 254 | 44,17% |
Seixal | 385 | 549 | 164 | 42,60% |
Almada | 396 | 558 | 162 | 40,91% |
Lisboa | 2409 | 3238 | 829 | 34,41% |
Porto | 1357 | 1414 | 57 | 4,20% |
Coimbra | 585 | 608 | 23 | 3,93% |
V. N. de Gaia | 1567 | 1628 | 61 | 3,89% |
S. M. da Feira | 481 | 498 | 17 | 3,53% |
Braga | 1225 | 1256 | 31 | 2,53% |
Guimarães | 716 | 725 | 9 | 1,26% |
V. N. de Famalicão | 400 | 404 | 4 | 1,00% |
Matosinhos | 1280 | 1292 | 12 | 0,94% |
Gondomar | 1083 | 1093 | 10 | 0,92% |
Maia | 944 | 950 | 6 | 0,64% |
Conheça aqui a intervenção dos Vereadores Marco Almeida e Andreia Bernardo, realizada última Reunião do Executivo da Câmara Municipal de Sintra que se realizou na passada terça-feira, dia 23 de junho de 2020, relativamente ao Ponto 3 da Ordem de Trabalhos (Pandemia):
Finalmente um ponto na Ordem de Trabalhos de uma reunião de Câmara para discutirmos o impacto da COVID-19 no concelho de Sintra. Valeu a pena o nosso requerimento.
Começando pelo post sobre os alunos infetados na Secundária Stuart Carvalhais, no qual o Presidente de Câmara refere que lamenta que não tenha sido informado. Conclusão: a sociedade civil sintrense não confere ao Dr. Basílio Horta credibilidade na gestão desta matéria e o concelho tem hoje o nome manchado nas “bocas do mundo” pelo mau motivo do número de casos e não pela Oposição; pela sua incapacidade em gerir, agir e resolver. Não tem a culpa toda, mas acredite que tem a sua quota de responsabilidade no ponto em que estamos!
Uma reflexão. No início da pandemia o concelho tinha uma baixa taxa de incidência quando comparado com os 20 maiores em termos populacionais. Hoje é o 2º com mais infetados e é quase todos os dias o que mais cresce. O que aconteceu?
Acreditamos que o aumento brutal do número de casos e a situação preocupante em algumas freguesias se devem à incapacidade do Presidente de Câmara em perceber a tempo a dimensão da pandemia. Faltou capacidade de perceção e de ação, difícil de perceber quando a Câmara tem mais de 170 milhões de euros nas contas bancárias!
Se a Câmara conseguiu avançar com medidas de apoio às famílias e às empresas, embora de curta duração; o mesmo não aconteceu com medidas de contenção que pudesse travar a redução da expansão da pandemia.
Vejamos.
A AÇÃO TARDIA DA CÂMARA!
Fez-nos perder tempo…
- Começou tarde a desinfeção do espaço público, relativamente a Oeiras.
- Começou tarde a distribuição de máscaras, relativamente a Cascais, e este processo tem sido de uma profunda desorganização entre nós. Hoje, 3 semanas depois do Presidente de Câmara ter anunciado que as máscaras tinham finalmente chegado a Sintra, há milhares de sintrenses que ainda as não receberam!
- Começou tarde a instalação de um centro de rastreio, transformado apenas em atendimento, relativamente a Mafra, e que acabou por ser o único de 3 anunciados.
- Começou tarde a desinfeção dos transportes públicos, relativamente a Lisboa.
A responsabilidade foi sempre dos outros!
O Presidente de Câmara foi incapaz de avaliar a dimensão da tragédia que estamos a viver.
- O processo das máscaras. Atrasou-se na decisão da sua aquisição e procurou justificar com a narrativa do atraso do avião e das burocracias da alfandega, e só resolveu avançar pela pressão que fizemos. A este propósito lembramos que lançámos a 10 de abril uma petição para que a C.M. de Sintra comprasse e distribuísse gratuitamente máscaras aos sintrenses: https://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=PT98428
- A contagem do número de infetados. No arranque dos efeitos da pandemia sobre as comunidades sintrenses, vangloriou-se através de um post no Facebook da evolução reduzida do número de casos, segundo as contagens da DGS. Quanto Sintra passou a liderar a contagem diária, veio pôr em causa as contagens feitas pelo mesmo organismo público.
- Nunca teve a coragem de informar os seus munícipes sobre locais mais críticos do Concelho.
- Procurou responsabilizar a Oposição quando esta não tem competências delegadas!
- Foi incapaz de sensibilizar a Ministra da Saúde para a gravidade do problema nas unidades de saúde do concelho, incluindo o hospital Amadora-Sintra e não envolveu o Ministro das Infraestruturas no caótico serviço público de transportes.
- Acusou a Área metropolitana de Lisboa de não ter coordenação.
- Criticou a Autoridade de Saúde Local de não fornecer informação.
Em momento algum, foi incapaz de refletir sobre as suas opções!
A NOSSA POSTURA.
- Estamos aqui para servir os sintrenses no papel de oposição crítica, mas também construtiva.
- Não permitiremos que se aligeirem responsabilidades, pressionamos para retirar a Câmara do imobilismo no combate ao alastramento da pandemia e continuaremos empenhados na apresentação de propostas. Assim o fizemos no passado, assim voltamos a fazer.
AS NOSSAS PROPOSTAS
- Criação temporária de uma rede pública municipal de transporte rodoviário complementar ao serviço concessionado rodoviário e à CP, tendo por objetivo reduzir a concentração de utentes em determinados horários;
- Distribuição de máscaras e gel desinfetante em todas as estações da Refer e entrega de kits máscaras e gel aos motoristas das carreiras rodoviárias para distribuição aos utentes;
- Alargamento do espaço das esplanadas; para compensar a metade da perda do espaço interior e isenção automática do pagamento de taxas relativas ao espaço público e toldos;
- Parquímetros: isenção de pagamento das tarifas até ao fim do ano civil, promovendo o comércio local e incentivando assim uma menor concentração de pessoas em centros comerciais.
- Realização de testes a todos os alunos, professores e funcionários das escolas que estão em atividade letiva presencial;
- Realização de testes aos agentes comerciais das zonas do concelho mais afetadas;
- Reforço na desinfeção do espaço público;
- Promover o isolamento do elemento infetado de um agregado familiar em unidades de acolhimento ou em unidades de hotelaria;
- Promover o policiamento/ações de fiscalização e sensibilização em espaços públicos de lazer nas freguesias mais problemáticas;
- Apoiar as forças de segurança, por via da ação da Polícia Municipal, as ações de contenção de aglomerados excessivos nas praias;
- Proceder ao encerramento de estabelecimentos comerciais que estejam a funcionar à margem das determinações da DGS, incluindo postos de combustível;
- Reforçar o apoio económico aos estabelecimentos comerciais cujo encerramento foi determinado pela autarquia e/ou DGS;
- Reforço da rede móvel temporária de distribuição de máscaras/gel em algumas zonas de concelho, sobretudo de apoio aos utentes do transporte rodoviário e ferroviário, bem como nas zonas residenciais com maior número de infetados;
- Implementação de uma campanha pública de informação, com a criação de grupos de trabalho locais para sensibilização da população, envolvendo líderes locais da sociedade civil, nomeadamente líderes religiosos, de associações, Escoteiros / Escuteiros e grupos não oficiais, como páginas de redes sociais com grande capacidade de influência;
- Implementação de um serviço oficial de compras, para reduzir a necessidade de grupos de risco saírem à rua em locais de grandes aglomerados populacionais;
- Criação de um serviço de mobilidade para cidadãos dos grupos de risco, colocando a frota da CMS / Juntas / Forças Militares / Bombeiros ao serviço de deslocações a consultas e outras deslocações essenciais;
- Contacto com as Administrações de Condomínios, para divulgação de regras de sensibilização junto dos munícipes, oferecendo gel para colocarem junto a interruptores e elevadores;
- Reforço de policiamento das ruas para garantir o cumprimento das medidas da Direção Geral de Saúde;
- Alargamento do horário da Polícia Municipal para 24h;
- Linha de Apoio ao Desempregado em articulação com o Instituto de Emprego e Formação Profissional;
- Tendo em conta o crescimento do número de infetados na população jovem, promover uma reunião do Conselho Municipal de Juventude como forma de envolvimento das associações juvenis nas medidas a apresentar.
- Acompanhar a atividade de lares/centros de dia, disponibilizando equipamentos de proteção individual.
- Realização de testes aos agentes ligados ao setor turístico;
- Reabertura dos dos sentidos na Volta do Duche, Vila de Sintra.
Os Vereadores
Marco Almeida
Andreia Bernardo