Estivemos de visita ao Centro Histórico de Sintra e não gostámos do que vimos. Aliás, em bom rigor, nos últimos anos tem-se acentuado a desertificação da Vila. Cada vez são menos os residentes, os comerciantes sofrem com as consecutivas alterações de trânsito e os agentes da atividade turística desesperam.
Por muito que a propaganda, ao serviço do Presidente de Câmara, procure disfarçar os problemas concretos daqueles que fazem o seu dia a dia neste espaço único do concelho, a verdade é que a gestão municipal presidida pelo Dr. Basílio Horta constitui-se como um autêntico desastre.
Falta visão estratégica para o desenvolvimento deste local, o mesmo se passa com tantos outros do nosso concelho. A política do quero posso e mando, a incapacidade de escutar quem pensa diferente, sobretudo aqueles que ali vivem e desenvolvem a sua atividade económica; e a crispação sistemática com as associações dos diferentes setores têm resultado na agonia lenta da nossa “Vila”.
Muitos não acreditam no que aí vem, mas a recente visita que promovemos apenas comprova aquilo que temos dito há muito. Esta Câmara, a do Dr. Basílio Horta, tem um objetivo concreto relativamente ao Centro Histórico e áreas adjacentes, limitar o seu acesso pelas sucessivas alterações de trânsito e pelos disparatados despachos de condicionamento de circulação.
O objetivo é claro. Está em curso a municipalização do Centro e da Serra e, quem sabe, a sua privatização. Sim, possível privatização. Façam connosco este exercício: a redução em marcha da atividade do transporte turístico (alguns julgam que se ficarão a rir), as alterações aos Estatutos da EMES, EM (agora prestadora de serviços também na área do transporte) ou a criação de zonas condicionadas, permitirá à Câmara sufocar os operadores privados, ao mesmo tempo que concentra em si o licenciamento, a regulamentação, a fiscalização e a operação da atividade turística de transporte, à semelhança de um qualquer regime autocrático!
Reparem: por via da EMES, a Câmara poderá ficar, numa 1ª fase, com o monopólio e entregar, numa 2ª fase, uma parte do capital social a um privado, fechando- se o ciclo da privatização. Parece conspirativa, mas basta ler os sinais e as ações que a própria Câmara está a desenvolver. Atabalhoadas, mas em curso.
A volta pela Vila permitiu-nos ainda constatar o óbvio. A incompetência da gestão municipal. Entre março e julho, o país esteve confinado e Sintra também. Tinha sido um bom momento para lançar as obras que agora ali se estão a realizar e que deviam ter sido feitas naquele tempo. Agora, em que atividade comercial tanto precisa de clientela, a autarquia resolveu avançar com obras, fora do prazo anunciado, e condicionar totalmente o acesso ao Centro Histórico. Um disparate que prejudica quem dali vive.
Os vereadores
Marco Almeida, Andreia Bernardo
Nuno Lopes (em substituição)