Com fábricas no concelho de Sintra, a empresa do setor farmacêutico Tecnimede foi a vencedora do mercado Saúde, e também considerada a Melhor do Ano entre as 500 Maiores & Melhores, na atual edição, de 2020, num prémio atribuído pela revista EXAME.
Criada no início da década de 1980 por Maria do Carmo (CEO) e pelo marido, o também médico Jorge Ruas da Silva, inicialmente na área comercial e da qualidade, passou para a investigação e o desenvolvimento de produtos próprios e a exportação, até à primeira fábrica, uma década depois. Pelo caminho consolidou-se nos genéricos e nos medicamentos sem receita médica e há cinco anos ergueu a sua primeira unidade industrial fora de portas.
Hoje o grupo tem 12 empresas, metade das quais fora do País. No total, 730 colaboradores, 450 a trabalharem em Portugal, entre a fábrica de Sintra, que produz orais sólidos (comprimidos, cápsulas, saquetas, cremes),e o laboratório de inovação Labor Qualitas, em Torres Vedras. Exporta para mais de 100 geografias e está entre as 50 maiores investidoras em investigação e desenvolvimento em Portugal, destinando por ano 15% a 20% da sua receita líquida a esta finalidade. Em Marrocos, onde começou há 20 anos a internacionalização, abriu em 2015 uma fábrica altamente especializada que produz formulações de citotóxicos para a terapia do cancro.
Depois de faturar 185 milhões em 2020, ano marcado pela pandemia que “não beneficiou ninguém, nem a farmacêutica”, a expectativa é de que o grupo alcance um volume de negócios de cerca de 195-200 milhões em 2021. E que continue apostado, nos anos que se seguem, nos dois eixos que o trouxeram até aqui: internacionalização e investigação. Com uma terceira força motriz, que Maria do Carmo Neves atribui ao facto de esta ser uma empresa familiar.
“Só vejo vantagens: empresas familiares são empresas programadas, de maratona, não se cansam nos 100 metros. Se não conseguirem numa fase, conseguem na dos filhos, na dos netos ou na dos bisnetos”, aponta. “Mas há uma coisa contrária: quando se gere uma empresa familiar tipo monarquia.
Se a família tiver competências, deve estar na empresa; se não tiver essas condições, qualquer administrador pode entrar, mesmo não sendo da família.” Com a segunda geração já tão embrenhada na empresa, de tal forma “que ninguém dá conta de quem são os filhos”, a continuidade está garantida. E, mesmo com o assédio frequente de potenciais compradores, não há vontade de vender. No mapa de Maria do Carmo Neves, a navegação no mar exigente a que a Tecnimede se deitou nos primeiros anos de atividade passa antes por aumentar o peso do estrangeiro nas vendas (além da Europa, também Ásia, países do Golfo e Brasil), abrir novas filiais, consolidar mercados como Itália e Colômbia e desenvolver as Américas. E, no ano que agora se inicia, talvez anunciar o investimento numa unidade industrial “de tecnologia diferente”, em Portugal ou noutro país europeu.
(Fonte: Revista EXAME)