Na última reunião de câmara, realizada a 25 de setembro de 2018, os nossos veredores eleitos pela Coligação JUNTOS PELOS SINTRENSES, apresentaram uma recomendação com iniciativas que visam minorar a indisciplina escolar.
Conheça-a aqui em detalhe.
RECOMENDAÇÃO Nº6-JPS/2018
“As crianças e jovens aprendem os detalhes mais complexos sobre ciência, mas não têm esclarecimento básico sobre como gerenciar as suas emoções.”
- Considerando que no âmbito do Programa Nacional de Promoção do Sucesso Escolar, foi implementado em Sintra o projecto “Estratégias Para a Promoção do Sucesso Escolar”, o qual implicou o envolvimento dos 21 Agrupamentos de Escolas de Sintra, organizados em 5 Núcleos Territoriais (NT), tendo em conta a sua sequencialidade pedagógica e geográfica e a quem foi pedida a identificação de 5 problemas comuns e de outras tantas medidas e eixos de intervenção para as alcançar;
- Considerando que, a par com a Falta de inovação pedagógica, as Novas formas de indisciplina, foram os problemas comuns mais expressivamente identificados pelos Agrupamentos;
- Considerando que mesmo que se possa admitir que alterações na prática pedagógica, visando incrementar a motivação e o vínculo à escola, tenham consequências previsíveis na indisciplina e que ela possa reduzir-se não apenas por isso mas também;
- Considerando assim, naquele âmbito, que admitindo que num quadro em que os alunos se sintam mais motivados pelas matérias e pela forma como se vêem veiculadas; em que a proximidade com a vida quotidiana e a aplicação dos conteúdos permitam pontes que os liguem e adquiram outra pertinência; que se sintam envolvidos num modelo de gestão compartilhada que “ouve” e que deixa opinar, para quem todos os agentes contam para a construção do projecto educativo e que, em caso de conflitualidade, convoca os alunos envolvidos para resolução conjunta, o vínculo com a escola ganha outro reforço e que um tal quadro que traduz alterações preconizadas face aos modelos e práticas pedagógicas tradicionais, pode funcionar como antídoto à indisciplina, mesmo se essa relação de causalidade não é óbvia, nem a manifestação de comportamentos indevidos se deve apenas ou exclusivamente a ela;
- Considerando que, conforme caracterização feita por Paulo Sampaio, especialista brasileiro em pedagogia, o perfil do jovem é hoje completamente diferente:
- Revela não ter paciência para estudar,
- Executa múltiplas tarefas simultaneamente,
- Usa muito as redes sociais,
- Possui uma mente selectiva para um excesso de informações,
- Possui o “síndrome do motorista de táxi”: sabe tudo!
- Revela dificuldade em comunicação escrita e conhecimentos gerais.
- Considerando que um fator decisivo para atuar nesta área é o envolvimento dos pais, que é, em conjunto com a capacitação parental, um problema invocado pelas escolas participantes no referido projecto e que a sua intervenção e acompanhamento no processo educativo dos filhos é crucial, a começar pela sua responsabilidade em fazer despertar os filhos para a importância e o prazer dos estudos;
- Considerando que, por razões várias, das económicas às sociais, passando pelo seu histórico de vida e por vulnerabilidades associadas a qualquer uma delas, os pais nem sempre conseguem garantir esse acompanhamento e seguir ao lado dos filhos e que as consequências não tardam a fazer-se sentir, levando a um crescente défice de comunicação e a um desinvestimento emocional que soma e segue;
- Considerando que também nesta área a escola pode e deve ajudar, chamando os pais à escola, não apenas quando as razões para tal são más, mas convocando-os para outras iniciativas e fomentando a sua participação efectiva, demonstrando-lhes que eles devem ser parte integrante da escola, mesmo se para isso, precisam de sentir que a sua opinião ou contributo é valorizado;
- Considerando finalmente que importa dispensar ao pessoal docente e não docente competências para lidar com a indisciplina, cuja expressão se viu evidenciada pelo estudo desenvolvido pelo Blog “Com Regras”, em parceria com a Associação Nacional de Diretores de Agrupamento e Escolas Públicas e que concluiu que no ano lectivo 2015/2016 houve mais de 206.000 participações disciplinares nas escolas portuguesas;
Temos a honra de recomendar que a Câmara Municipal de Sintra considere a promoção de iniciativas que ajudem a minorar este problema, permitindo-nos, assim sugerir:
- A elaboração de uma brochura, do tipo “Agenda do encarregado de educação”, onde se fizessem constar algumas ideias-chave e que consagrasse espaço para informações várias sobre a escola, fomentando a proximidade entre os encarregados de educação e a escola e a sua valorização enquanto interlocutores imprescindíveis no processo educativo;
- Que a propósito da dificuldade muitas vezes invocada de que os pais não conseguem lidar com os filhos que apresentam elevados níveis de indisciplina escolar, se promovessem nas escolas, sob o patrocínio da autarquia, fóruns interpares, com o apoio e orientação de psicólogo escolar/educativo, com o objectivo de partilha de experiências doutros pais, mas sobretudo para prover o apoio que os pais sentissem como necessário e adequado às circunstâncias do seu caso;
- Que ainda nesta área da indisciplina, se atentasse nas recomendações resultantes do referido estudo e que se garantisse, com a colaboração da Associação de Professores de Sintra, a disponibilização de acções de formação específica sobre como gerir/mediar situações de indisciplina escolar, dirigidas ao pessoal docente e não docente e a concretizar no espaço e no tempo que os Agrupamentos viessem a definir.
Paços do Concelho, aos 18 de Setembro de 2018
Os Vereadores da Coligação “Juntos Pelos Sintrenses”
Marco Almeida, Paula Simões, Andreia Bernardo, Carlos Parreiras