Comemorando-se hoje, dia 27 de setembro, o Dia Mundial do Turismo, data que se celebra desde 1980, por coincidir com aquela em que, no ano de 1970, entraram em vigor diretivas consideradas como muito marcantes para o turismo global e que em termos genéricos visa chamar a atenção para a importância do turismo em todo o mundo, vale a pena destacar o tema do turismo inclusivo, pelos desafios enormes que encerra e pela premência de serem dados passos firmes nessa direção.

Com o objetivo primordial a recair numa oferta acessível e que dê resposta a todos, independentemente das suas características e tendo presente que “(…) o actual universo-alvo do turismo acessível e inclusivo, integra um conjunto de grupos da população que se encontram às portas do turismo e para os quais, dum modo geral, a oferta turística não tem ainda as condições de acessibilidade e de prestação dos serviços adequados para os receber(…)”.

Tornar Sintra um destino acessível foi o repto a que respondeu a iniciativa dos Vereadores da Coligação “Juntos Pelos Sintrenses”, quando, em Julho último, apresentaram em sede de Reunião Camarária uma Recomendação, aprovada por unanimidade, que pugnava por esse desígnio a assumir pela autarquia, naquilo que exigiria um trabalho em rede, implicando como primeiro desafio fazer o diagnóstico daquilo que existe, como existe e aquilo que pode existir para uma oferta abrangente e diversificada.

Este tema acabaria por ver-se reforçado através da intervenção dum dos nossos Vereadores na última Reunião do Executivo Camarário (24-09), ao aludir, em termos de respostas especiais para pessoas que delas carecem, ao projeto “Tourism4All” desenvolvido pela CERCITOP (Cooperativa de Empreendedorismo para o Desenvolvimento Económico e Social de Todo o País), tendo sido sugerido que a autarquia o valorizasse como prática de excelência, apoiando a sua divulgação em certames turísticos em que a Câmara estivesse representada, para além de considerar-se a instituição como interlocutora privilegiada no propósito de tornar Sintra um destino inclusivo.

Conheça aqui em detalhe a recomendação apresentada pelos nossos vereadores.

RECOMENDAÇÃO Nº10-JPS/2019

  • Considerando que o turismo inclusivo se traduz numa oferta acessível e que dê resposta a todos, independentemente das suas características e que “(…) o actual universo-alvo do turismo acessível e inclusivo, integra um conjunto de grupos da população que se encontram às portas do turismo e para os quais, dum modo geral, a oferta turística não tem ainda as condições de acessibilidade e de prestação dos serviços adequados para os receber(…)”;
  • Considerando que, se em termos mais imediatistas, o grupo das pessoas com deficiência é aquele que logo convocamos, há um outro grupo que, por razões demográficas, nos deve suscitar atenção, sendo àqueles que se encontram em processo de envelhecimento que nos referimos, com as estatísticas internacionais a remeterem o seu peso populacional para um valor na ordem dos 20%, e com o INE a prever, no caso português, que em 2050 os idosos representem já 1/3 da população, sendo já o 4º país da Europa mais envelhecido;
  • Considerando que “(…) o processo de envelhecimento conduz à diminuição progressiva das capacidades das pessoas, perturbando/diminuindo não apenas as suas capacidades físicas, mas também as suas capacidades sensoriais e as suas capacidades intelectuais/cognitivas (…) e que essas “necessidades especiais” exigirão cuidados também especiais em contexto de viagem e turismo;
  • Considerando que tal implicará adequação da oferta turística, quer seja em matéria de acessibilidade, quer seja de comunicação ou de serviço e que mais cedo do que tarde, o ajustamento dos produtos e dos serviços é crucial, por forma a prover uma resposta de qualidade a essas alterações ou novas necessidades, que permitam vivenciar uma experiência turística interessante e diversificada;
  • Considerando todas estas premissas e tendo presente a importância incontestável de tornar inclusivo um destino de férias, naquilo que gera uma responsabilidade maior para o tornar abrangente e com respostas especiais para pessoas que delas carecem, que importa começar por fazer o diagnóstico daquilo que existe, como existe e aquilo que pode existir;
  • Considerando que a tipologia da oferta turística acaba por estar dependente da sensibilização dos prestadores de serviços, e que nessa circunstância é não só importante rastrear o que existe, mas discutir soluções e estratégias para aquilo que importa existir;
  • Considerando que, afirmado o propósito de tornar uma região um destino inclusivo, há que alocar parcerias várias para a tal corresponder a oferta turística e desenhar os eixos de intervenção, faseados no tempo e abrangendo os vários sectores envolvidos:

– Ele são os monumentos, que devem consagrar a possibilidade da sua visitação e fruição por pessoas com necessidades especiais, quer seja ao nível da mobilidade, da visão ou da audição;
– Ele são os transportes de acesso aos mesmos, que deverão contemplar essas funcionalidades;
– Ele são as praias, que deverão oferecer respostas para estes cidadãos, desejavelmente de forma integrada e sem correr o risco de “guetizar” os seus utilizadores;
– Ele são os programas de animação turística, que devem incluir uma ou mais propostas inclusivas, susceptíveis de serem vivenciadas também por essas pessoas;
– Ele são as unidades de alojamento, desde as mais tradicionais, como hotéis e estalagens, às formas mais modernas, como hostels ou unidades de alojamento local, que deverão identificar tais características ao nível da acessibilidade;
– Ele são os parques e a possibilidade de visitas adaptadas…

E que há todo um universo de pequenas coisas que farão a MAIOR das diferenças;

  • Considerando, que no âmbito do Projeto BRENDAIT – “Building a Regional Network for the Development of Acessible and Inclusive Tourism” (2017) -, estes e múltiplos outros aspectos se viram trabalhados e escrutinados para desenvolvimento duma “Metodologia de construção de um destino turístico acessível e inclusivo”, através de um Consórcio formado pela PERFIL – Psicologia e Trabalho, Lda., pela ESHTE (Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril), pela AHP (Associação da Hotelaria de Portugal) e pela ENAT (European Network for Accessible Tourism), tendo a coordenação cabido a Acácio Duarte;
  • Considerando a oportunidade da II Reunião Extraordinária do Conselho Estratégico Empresarial ter sido consagrada ao tema “Turismo – Desafios para o Futuro”, do turismo acessível ser, justamente um deles e que tornar-se um destino inclusivo poderia e deveria assumir-se como um desígnio a alcançar por Sintra, quase apetecendo dizer que o caminho está bem à nossa frente, para o trilharmos,

Temos a honra de propor:

  • Que seja esta matéria objecto de análise e aprofundamento, devendo prover-se, obrigatoriamente, ao envolvimento das instituições e dos cidadãos individualmente que se enquadram no universo-alvo, com destaque para os portadores de deficiência e para os seniores, na convicção de que o mesmo pode constituir um fator de grande relevância para o sucesso do projecto;
  • Que pré-existindo aquele trabalho (que, no caso, incidiu sobre a Região Centro) e tendo sido avaliadas as premissas inerentes à construção dum destino inclusivo e acessível, que possam eventualmente ver-se consultadas a Escola Superior de Turismo do Estoril e a Perfil – Psicologia e Trabalho, enquanto empresa de consultoria e com um conjunto de especialistas que vem intervindo no campo do turismo acessível e inclusivo, para apresentação de proposta tendente a assegurar o diagnóstico das condições de acessibilidade, traçar planos de aperfeiçoamento e, após a sua desejável e consequente materialização, garantir o almejado acesso à certificação externa de Sintra como destino acessível.

Paços do Concelho, aos 25 de junho de 2019

Os Vereadores da Coligação “Juntos Pelos Sintrenses”

Marco Almeida, Paula Simões, Andreia Bernardo, Carlos Parreiras