A anunciada medida de despedimento de 15 trabalhadores pela Parques de Sintra Monte da Lua, quando afinal se esperava que uma empresa de capitais exclusivamente públicos desse o exemplo, na linha, aliás, do preconizado pelo Governo, instando as empresas a manterem os seus trabalhadores numa fase como aquela que vivemos e que é geradora de todas as angústias, é reveladora de grande insensibilidade social e o exemplo máximo de uma lamentável incoerência.
Num tempo de crise grave como aquele em que vivemos, em que os efeitos da pandemia provocada pelo COVID19 alastram rapidamente e com consequências imprevisíveis, pelo menos quanto ao tempo e dimensão dos seus efeitos, é imperioso que os poderes públicos – quer o Governo Central, quer as autarquias locais, sejam capazes de transmitir uma mensagem de confiança.
Em Sintra, o Presidente de Câmara tem sido profícuo em anunciar medidas atrás de medidas, algumas que deveriam já ter sido promovidas num tempo anterior ao COVID19 e que devem perdurar para lá da sua permanência. O apoio ao Hospital Fernando Fonseca ou a redução dos custos com a fatura da água para as famílias, que devemos saudar, deveriam já ter sido concretizadas e é isso que o grupo de vereadores PSD/CDS-PP tem defendido desde 2013.
Num contexto em que as contas bancárias municipais apresentam um saldo de 170 milhões de euros, há muito que as medidas agora anunciadas poderiam estar em vigor, beneficiando as famílias, as empresas e as instituições de solidariedade.
Perante a folga orçamental de que a Câmara de Sintra dispõe, bem como em face dos lucros apresentados pela empresa pública Parques de Sintra, Monte da Lua, exclusivamente composta por capital social do Estado e do Município Sintrense, que se traduziram em cerca de 8 milhões de euros, é inaceitável que aquela empresa, que gere parte significativa do património cultural em Sintra (destaque para o Palácio da Pena, Palácio Nacional de Sintra ou o Palácio Nacional de Queluz), tenha tido a insensibilidade social de não renovar contratos com 15 dos seus trabalhadores!
Neste tempo de angústia e de olharmos para o futuro com limitada esperança, os poderes públicos não podem e não devem dar sinais de deserção e de abandono dos seus trabalhadores.
Agora é o tempo do Presidente de Câmara deixar a retórica dos anúncios e de assumir as suas responsabilidades. E estas passam pela solidariedade que deve aos seus munícipes e aos trabalhadores das suas empresas, principalmente quando estas são públicas e com capital social municipal.
Sintra, aos 21 de março de 2020
Coligação “JUNTOS PELOS SINTRENSES”
Veja a opinião de Marco Almeida sobre este assunto: